27 fevereiro 2006

Quaero: a resposta europeia ao Google

Portugal quer aderir ao projecto da França e Alemanha para a criação de um motor de busca que possa concorrer, primeiro, e superar, depois, o Google. Com esse objectivo em mente, os governos de Paris e Berlim estabeleceram diversas parcerias e estão mesmos dispostos a investir até um total de 2000 milhões de euros ao longo de cinco anos.

O Quaero foi impulsionado pelos governos da França e da Alemanha, depois de o presidente francês, Jacques Chirac, e do anterior chanceler alemão, Gerard Schroeder, concordarem com a necessidade de criar um motor de busca europeu com uma capacidade semelhante ou superior ao congénere norte-americano. A justificação então apresentada foi simples: a invisibilidade de tudo o que não esteja documentado ‘on-line’.

E Portugal? Irá associar-se ao projecto? Contactado pelo CM, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que delegou a resposta na pessoa de Luís Magalhães, esclarece que há alguma indefinição quanto a um possível alargamento do projecto franco-germânico.

“Neste momento, há contactos no sentido de uma participação nacional que se pretende o mais ampla possível. No entanto, tal eventual participação não depende apenas da nossa vontade. Primeiro, é preciso perceber qual é a abertura dos parceiros a esta questão”, diz Luís Magalhães, esclarecendo que há várias empresas interessadas, pelo que Portugal ambiciona “uma comparticipação público-privada”.

A verdade é que o Quaero busca a inovação e essa procura visa a concorrência ao
Google. Nesse sentido, o projecto prevê a criação do primeiro motor de busca multimedia – englobando pesquisa de texto, áudio e vídeo, graças a uma aplicação que permite transcrever, indexar e traduzir documentos audiovisuais de forma automática – acessível a outras plataformas para lá do computador. Ou seja, telemóveis e televisores digitais.

Há, no entanto, outro ponto em que
Google e Quaero divergem, o qual, no fundo, representa a corrente social e política que rege cada território. É que se o Google nasceu, exclusivamente, da iniciativa privada, o Quaero tem por base a iniciativa pública.

O Quaero tem já o apoio de grandes empresas, como a France Télécom e a Deutsche Telekom, sendo que a Thomson e a Siemens também são mencionadas como interessadas em integrar o projecto. A verba a injectar por França e Alemanha, entre 1000 e 2000 milhões de euros, é um bom incentivo. (in CM)