29 maio 2006

Charlie Chaplin em Loulé


Durante todo o mês de Junho o Cine-Teatro Louletano vai prestar homenagem a uma das maiores figuras da sétima arte de todos os tempos: Charles Chaplin, mais conhecido por Charlie Chaplin ou simplesmente: Charlot.

Trata-se de um Ciclo de Cinema com cinco filmes, totalmente dedicado ao realizador e actor britânico. “O Barba Azul”, de 1947, é a primeira película a rodar já no próximo dia 1.

O filme é uma crónica negra sobre os negócios de Henri Verdoux, que envolvem a sedução de velhas solteironas e golpes de baú, tudo para sustentar a sua inválida amada.

No dia 8 é a vez da comédia “A Quimera de Ouro”, de 1925. Foi para Chaplin o “filme pelo qual gostaria de ser recordado”. É uma das maiores comédias do actor e um dos 100 melhores filmes americanos, segundo o American Film Institute.

Em “A Quimera de Ouro”, um vagabundo procura a fortuna no Yukon, e atravessa momentos difíceis que como sempre, transforma em episódios de bom humor. Do elenco faz parte também Mark Swain.

No feriado de 15 de Junho é projectada a película “Opinião Pública”, de 1923. Trata-se de uma crítica mordaz à alta sociedade francesa e é o primeiro grande filme dramático de Chaplin.

Nesta fita, o homem com os pés à dez para as duas, participa num papel secundário, ao lado de Edna Purviance e Clarence Geldart, ao contrário dos seus mais conhecidos filmes. É considerado uma das maiores obras do cinema mudo.

“O Grande Ditador” é o filme apresentado a 22 de Junho. Realizado em 1940, ainda antes dos Estados Unidos entrarem na Segunda Guerra Mundial, é uma sátira a Hitler e ao fascismo, e ao mesmo tempo um retrato na vida nos guetos.

É a história de um barbeiro confundido com o Ditador, e de todas as peripécias que se precedem, levando a uma confusão de identidades. É Chaplin a usar as armas da comédia numa excelente sátira política.

O ciclo encerra a 29 com o filme “Tempos Modernos", de 1936. Trata a luta entre as máquinas e o homem, na busca do seu caminho para a felicidade. Mais uma vez um vagabundo procura ganhar a vida numa fábrica.

Mas passa por uma série de peripécias que o conduzem várias vezes à prisão. Mas que também o levam até a uma jovem rapariga (protagonizada por Paulette Goddard) cujo pai foi morto numa greve, e por quem ele se apaixona.

Esta é uma versão restaurada, digital, que teve a sua apresentação mundial e integrou a Selecção Oficial no Festival de Cannes 2003.



Breve história do artista Charlot

Charles Chaplin iniciou-se no mundo do cinema com a produtora Keystone de Mack Sennett, em 1913, nos Estados Unidos. Os seus primeiros filmes, ainda rudimentares, anunciavam já uma forte personalidade.

Desenvolveu uma poética pessoal baseada na personagem do vagabundo romântico marginalizado da sociedade. Na sua primeira época é, geralmente, guionista e actor principal dos seus filmes.

Em 1919, após ter realizado inúmeros fitas, associa-se com Griffith, Douglas Fairbanks e Mary Pickford, e funda a United Artists, produtora dos seus filmes a partir daquela data.

Entre os mais famosos contam-se “A Quimera de Ouro” e “O Circo”. Com a chegada do áudio ao cinema realiza “Luzes da Ribalta”, “Tempos Modernos” e “O Grande Ditador”.

Em 1947 tenta reincorporar-se no cinema moderno com escasso êxito “Monsieur Verdoux”. E em 1953 deixa os Estados Unidos por pressão dos anticomunistas fanáticos e instala-se na Suíça.

Faz então os dois últimos filmes, nos quais, infelizmente, já não brilha o génio da época do cinema mudo: “Um Rei em Nova Iorque” e “A Condessa de Hong Kong”.

Charlot foi uma figura capital e universal do cinema. A sua obra é a síntese madura do melodrama romântico e da sátira social mais pungente, independente e inconformista, cómica e simultaneamente sentimental.