16 julho 2008

Escravos do Relógio

Vivemos actualmente tempos alucinantes, em que tudo acontece de forma rápida e vertiginosa, sem termos tempo de assimilar e compreender verdadeiramente aquilo que se passa à nossa volta. Todos nos queixamos, uns mais do que outros, de que os dias não chegam para fazer tudo, de que nos falta sempre tempo para estarmos com quem mais gostamos, etc. etc. etc.

De facto, tudo e todos parecem-nos exigir não calma e ponderação, mas antes eficácia, rapidez e desembaraço. Se não vejamos:
• Todos os dias temos de chegar a horas ao emprego ou à escola;
• Temos de almoçar a determinadas horas;
• Temos de chegar a casa a determinadas horas;
• Temos de passear o cão determinadas horas;
• Temos de chegar ao cinema a determinadas horas;
• Temos de ir às compras a determinadas horas;
• Só nos poderemos divertir a determinadas horas;
Enfim os exemplos são inúmeros, e pior, ficamos sem tempo para nós próprios.

Por isso, hoje somos todos um pouco escravos do relógio, pois é um objecto sem o qual não podemos passar, que está presente em tudo quanto é sítio, que nos indica se estamos ou não atrasados para um determinado compromisso profissional, que nos indica se teremos ou não tempo para estarmos com aquela pessoa que já não víamos há muito tempo ou se ainda poderemos “dar um salto” no ginásio.

Se um extraterrestre nos viesse visitar (e eles estão entre nós, a sério!) talvez nos descrevesse como sendo criaturas irracionais e autênticas “baratas tontas”, que passamos a vida a correr sem sabermos no fundo o que somos, o que queremos, ou para onde vamos.

Muitas vezes julgamos saber tudo, controlar tudo, mas isso não é bem assim. A sociedade está organizada para que não tenhamos tempo para pensar, para reflectir, para desenvolver uma postura crítica face às situações e circunstâncias da nossa vida quotidiana. Talvez isto interesse aos poderosos, aos governantes que assim vão tendo tempo para nos controlar com os seus esquemas e com os seus jogos do faz de conta ou do “faz o que eu digo não faças o que eu faço”.

Em jeito de conclusão e parafraseando o sábio Pitágoras podemos dizer que o homem só será "a medida de todas as coisas", quando deixar de ser escravo do relógio.
Ou como diria um famoso humorista: era um sujeito realmente distraído, na hora de dormir, beijou o relógio, deu corda no gato e enxotou a mulher pela janela.

[testo adaptado sacado da net]