07 setembro 2006

Alcoutim em festa até domingo

Manifestação fluvial a favor da construção da ponte Alcoutim-Sanlúcar faz parte do Programa das festividades. Alternativa à única ponte existente no Baixo Guadiana ganha estatuto de urgência.

Recorde-se que a construção da ponte Alcoutim-Sanlúcar é uma velha aspiração das populações desta zona transfronteiriça. A favor dela têm-se desenvolvido inúmeras acções reivindicativas, especialmente a partir de uma manifestação no rio em 1999, e depoimentos de autoridades de Portugal e de Espanha, exposições, abaixo-assinados e manifestações diversas.

A decisão de construir a ponte foi aprovada pela República Portuguesa e pelo Reino de Espanha na Convenção de Albufeira, Cimeira Aznar-Gueterres, realizada em 1998. Em 2001-2002, foi realizado um Estudo Prévio (que incluiu o estudo de impacto ambiental e social), que definia a localização da ponte e suas características essenciais, não tendo havido seguimento da parte das autoridades, tanto portuguesas como espanholas.

Sabe-se que na última reunião da Comissão Mista Luso-Espanhola de Pontes, realizada em Madrid, em 26 de Abril de 2006, esta ponte foi incluída na agenda, tendo a delegação espanhola ficado de indagar a posição da região autónoma da Andaluzia sobre este processo. Entretanto, na sequência de um grave acidente rodoviário ocorrido no dia 18 de Julho sobre a Ponte Monte Francisco - Ayamonte, em que durante horas a circulação esteve encerrada, levantou-se a questão e a exigência da construção da Ponte Alcoutim-Sanlúcar passou a ter maior legitimidade, até porque ela será a alternativa indispensável à única ponte internacional do Baixo-Guadiana. (in Região Sul)


Alcoutim
O concelho de Alcoutim é o que da província do Algarve mais a nordeste se situa. Ocupa uma posição fronteiriça com a vizinha Espanha e a sede de concelho do mesmo nome encontra-se posicionada na margem direita do Rio Guadiana, em frente a San Lucar del Guadiana.

A vila de Alcoutim, com as suas ruelas tortuosas, guardam "segredos" de outros tempos, precisamente por ter sido palco de muito contrabando, donde restaram para os dias de hoje grande amizades e laços culturais com os vizinhos espanhóis da margem esquerda do rio que os dois povos partilham.

As origens de Alcoutim remontam ao período Calcolítico, época em que uma tribo celtibética ali se terá fixado. Pelas excelentes características de navegabilidade do rio, ter-se-à desenvolvido um intercâmbio transfronteiriço, nomeadamente através da exportação de trigo e minérios, e se importavam produtos para a construção e sal. Posteriormente em Alcoutim, se terão fixado outros povos - Fenícios, Gregos e Cartagineses. No século II a.C. a localidade terá sido ocupada pelos Romanos, que a baptizaram por Alcoutinium, e mais tarde pelos Árabes, donde surgiu a designação de Alcatiãos.

Alcoutim passou a ser território português no ano de 1371, resultante de um Tratado de Paz entre os reis de Portugal e Castela, respectivamente, D. Fernando e D. Henrique.

Os vestígios históricos existentes mais preponderantes são o Castelo da Vila - digno de uma visita -, a Igreja Matriz do Salvador, de três naves e quatro tramos, a Ermida de Nossa Srª da Conceição, com seu portal manuelino (sec. XVI), entre outros vestígios que se encontram um pouco por todo o concelho, como é o caso do Menir do Lavajo - monumento megalítico situado na povoação de Afonso Vicente, freguesia de Alcoutim - tornado público em 1992 por Mário Varela Gomes, João Cardoso e António do Nascimento Joaquim.

Alcoutim mantém bem viva a sua grande fonte de riqueza - o artesanato tradicional. Os arranjos de flores, a renda de bilros, a tecelagem, a olaria e a cerâmica, ou a cestaria, a empreita e, por fim, a produção de aguardente de medronho, são algumas das actividades complementares da população alcouteneja, hoje quase inteiramente dependente do que se produz na agricultura e na pastorícia. Sobrevivem ainda, felizmente, algumas profissões tradicionais que a era do plástico não conseguiu destruir - graças aos apoios institucionais que entretanto surgiram -, tais como o
sapateiro, o caldeireiro, o albardeiro e o latoeiro.

O concelho de Alcoutim é também uma grande zona de produção de caça e por isso para lá convergem muitos caçadores onde se deliciam com os petiscos da zona, designadamente, uma boa Açorda de Galinha, uma Caldeirada de Lampreia, tendo como entrada um queijo de cabra ou uma chouriça e o pão caseiro. Os doces de amêndoa e figo são típicos neste concelho.